14/05/2025
Ouvir um “não” ou perder um jogo são experiências comuns para qualquer criança. E é justamente nesses momentos que surge uma das emoções mais importantes para o amadurecimento: a frustração. Ainda que desconfortável, ela desempenha papel essencial no desenvolvimento emocional e social, pois ensina à criança que seus desejos não serão sempre atendidos — e que tudo bem por isso.
A frustração funciona como um treino para a vida real. Desde cedo, ao vivenciar pequenas decepções, a criança aprende a lidar com limites, a adiar recompensas e a buscar soluções para os desafios. Esse processo ajuda a formar indivíduos mais resilientes, pacientes e confiantes. Quando bem orientadas, essas experiências se transformam em oportunidades valiosas de crescimento.
“A frustração é uma aliada na construção da autonomia, pois incentiva a criança a encontrar caminhos por conta própria, mesmo diante de obstáculos”, comenta Hellen Bini, coordenadora infantil do Colégio Anglo Urubici, de Camboriú (SC). Segundo ela, permitir que a criança enfrente frustrações moderadas é uma maneira saudável de prepará-la para a realidade.
O papel da família é essencial nesse processo. Quando os adultos validam os sentimentos da criança — em vez de ignorá-los ou minimizar suas reações —, contribuem para que ela reconheça e compreenda o que está sentindo. Frases como “eu sei que você ficou triste por não ganhar” ajudam a criança a nomear a emoção e a buscar formas de lidar com ela. Ao mesmo tempo, é importante estabelecer limites claros e oferecer apoio emocional sem superproteção.
Atividades do dia a dia também são boas ferramentas nesse aprendizado. Jogos de tabuleiro, esportes e brincadeiras em grupo promovem situações em que a frustração aparece naturalmente. Nessas ocasiões, os adultos podem ensinar técnicas de autorregulação, como respirar fundo, contar até dez ou conversar sobre o que está acontecendo. Essas estratégias simples ajudam a criança a controlar impulsos e a tomar decisões mais conscientes.
Na escola, o ambiente é propício para a vivência dessas experiências. Em sala de aula, os alunos precisam dividir a atenção do professor, respeitar regras e trabalhar em equipe, o que frequentemente gera frustrações. Quando os educadores valorizam o diálogo, o respeito mútuo e a escuta ativa, criam condições favoráveis para que as crianças desenvolvam empatia, tolerância e capacidade de enfrentamento.
“É fundamental que os adultos não tentem eliminar todas as frustrações da vida da criança”, reforça Hellen. “É justamente ao superar esses momentos difíceis que ela descobre sua força, aprende a se adaptar e desenvolve inteligência emocional.”
Entender a frustração como parte do desenvolvimento permite que pais e educadores atuem de forma mais consciente. O objetivo não é evitar a dor, mas transformar o desconforto em aprendizado. Assim, as crianças crescem mais preparadas para lidar com os desafios da vida, com equilíbrio e maturidade. Para saber mais sobre frustração, visite https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/frustracao.htm e https://paulinhapsicoinfantil.com.br/blog/trabalhar-frustracao-infantil/